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terça-feira, 26 de janeiro de 2010

A mulher e seu cabelo




Eu nasci crespa. Ou, cabelo ruim, como dizem. Sarará Crioulo, Loirinha Bombril. Se tivesse sido no hemisfério norte, seria a "cachinhos dourados" perfeita.

Mas não: abaixo do equador, cabelo crespo tem estigma de mau cuidado.

Coisa de pobre. Piaçava.

Aí, eu não deixava colocarem a mão no meu cabelo. Ninguém entendia, como eu:

cabelo enrolado não se penteia. Resultado: corte joãozinho, Menino Peralta.

Me castraram. Banho e Toza.

Daí pra frente, o cabelo nunca mais foi o mesmo, e na quarta série os meninos me chamavam de BomBril.

Demorei pra entender minha relação com a minha juba:

Sansão.

O poder do leão,

a Força.

Eu não quero mais ficar com a cabeça alinhada

com os fios comportados, de acordo.

E como as pessoas se incomodam com isso!

_"vai pentear o cabelo, menina!"

Não... Não quero domar minha fúria.

Meu poder, meu aspecto, minha moldura.


Na foto, Chico César, e sua polêmica. Ele que também já cantou... "se eu quero pixaim, deixa..."



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