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quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Crônica sobre ser solteira...

apesar de não gostar muito de crônica nem de escrever em primeira pessoa...


As amigas me avisavam, não dei bola. Os amigos (homens) mais próximos me contavam suas peripécias, achava que nunca aconteceria comigo. Assisti surtos-espetáculo de carência aguda – geralmente enquanto amigas aguardam telefonema -balançando a cabeça pensando: “nunca protagonizarei tal baixeza”. Mas a verdade é que uma hora acontece: me lembrei de como ser solteira é difícil. Por uma simples razão: vivemos num mundo romântico demais. A mulher deve sempre estar receptiva, penso que pela própria anatomia. Deve sempre abrir um espaço para caber um homem na sua vida. Abre fendas, grand kanyons, se precisar, para cavar um buraco na sua existência, se convencendo de que falta algo em sua vida: um pênis que a preencha. A famosa frase: “mulher que dá é mulher feliz” vem daí. Ela, a mulher, deve conter. Alguém, algo. Talvez por razão do útero, que suporta até cinco bebês de uma vez. Falta um conteúdo pra suprir seu inerente vazio. Sempre.
Mulheres que fogem a esta regra geralmente são vistas como devoradoras de homens, e inspiram livros como “Os homens gostam de mulheres poderosas” (que, aliás, são lidos por mulheres nada poderosas, que ao invés de se tornarem poderosas, vão acabar se tornando esposas gordas e resignadas). E, via de regra, poder assusta. Ligar pra falar oi no dia seguinte assusta. Querer só sexo e carinho assusta, não esperar nada assusta, gostar da própria companhia assusta, dar no primeiro dia assusta, ser feliz sozinha assusta. E geralmente fica o estigma: “xi, se está solteira, alguma coisa tem”. Já escutei isso inúmeras vezes. É extremamente difícil viver neste fio da navalha, e penso que até as “poderosas” precisam de carinho. De se sentirem especiais.
Eu sempre me vangloriei de ser uma excelente fingidora: nunca admiti que fosse romântica, até perceber que este era o auge do romantismo, pra poder ser mais romântica, uma vez que é o romantismo que me persegue. Sim, é verdade, me persegue. Quando estou quieta no meu canto, sempre aparece um ser super bacana com quem rola uma afinidade sensorial (pele) e intelectual (neurônios) e tudo vai bem: ser tratada com carinho é uma delícia, sentir-se especial é uma necessidade humana - que faz com que falemos bom-dia pela manhã mesmo estando com vontade de mandar pro inferno -todo mundo precisa ser especial para alguém. Duas pessoas se conhecendo e se encantando. Se sentir como uma princesa (aqui, a licença para usar o termo “princesa” mesmo não gostando do sentido nobre) até que a noite termine... e mesmo que tenha sido ótimo, saber não irá pra frente é tão deprimente. A princesa vira puta. O cara não vai ligar, nem se importar, por achar que uma mulher assim tem cheiro de compromisso, tem cheiro de gato por lebre, tem cheiro de pegadinha do malandro. Ou não vai ligar porque não quer ligar. Mesmo que queira perder algumas horinhas agradáveis com a figurinha de novo. Aí, a rata aqui fica com complexo de Cinderela... não quer ligar por quê? Por quê não ir atrás? Talvez porque eu seja uma mulherzinha romântica besta que queira ser conquistada. Que quer conquistar. Que quer ser desejada, mesmo no day after. Ou, porque o cara é burro. Se soubesse como seria vantajoso pra ele inverter a ordem do princesa/puta... o cara que se ligar disso vai ter todas, todas as mulheres que quiser rastejando aos seus pés. Até as poderosas... mesmo que seja pra trocar só fluidos, e nada mais...

Um comentário:

  1. A gente tem que ter direito de escolha, e de se sentir bem e não precisar justificar o tempo todo a condição que estamos. É possível ser feliz ímpar, impariado... Depende do que você quer e de como assume suas escolhas.
    Adoro ficar solteira, adoro namorar, tem vantagens e desvantagens nos dois lados. A real é que a gente tem é que se amar, sozinha ou acompanhada, tudo será mais fácil assim.
    Beijos aminha gatona linda

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