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domingo, 20 de dezembro de 2009

Frustra ação

queria saber o que dá nessa cabeça
de encasquetar e teimar
no que não ferve
de buscar a lupa pra tentar ver
o que se enxerga à distância
ver nas entrelinhas e no rodapé
o nome da paixão do poeta
descobrir o cheiro que há
em bigodes semi-desconhecidos
saber pra onde vai o olhar do figurante
olhar pra onde a fumaça voa
voar pra onde se toca ali
só pra ter a certeza:
not good enough

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Moço lindo, acho que preciso falar contigo. Pedir desculpas de verdade: tenho te perseguido. Mas não de verdade: Só em sonhos, em conversas imaginárias, em ilusões, em cílios perdidos onde se faz um desejo. Peço desculpas: acho que nos vimos umas duas, três, quatro vezes, no máximo, e eu devo ter projetado algo muito grande em você e acabei me perdendo (e perdendo a noção), de verdade. Fico pensando que talvez vc "devesse" me querer por perto -tanto quanto eu quero te conhecer: de verdade, e de pertinho- como se fosse obrigado a gostar de mim. Tanta gente gosta, por quê você não gostaria? Porque não é obrigado. Achar que você irá se encantar por mim de qualquer maneira é pura vaidade, e o meu orgulho ficou ferido porque tenho tentado te puxar pra perto, tentado puxar conversa, tentado te chamar, mas nada... e é muito simples: se você quisesse, já teria me respondido. Já teria vindo.
Mas fico aqui me perguntando por quê essa fixação toda??? O que você tem demais? Não é só pela cor dos seus olhos de estrela, nem só pelo seu cabelo de leão, não é só pela calça engraçada, não é só porque você é capricorniano como eu, porque escreve coisas que fazem eriçar meus pelos, porque gosta dos meus filmes, porque estava no show do pearl jam no mesmo dia que eu, porque toca como eu, porque fala algumas coisas que me confundem demais (como aquela parte do... "então estou no caminho certo"...quando eu disse que atraio loucos) porque tem uma voz linda, porque é magro como a música do Lenine, porque é mais novo do que eu, porque sorri quando me vê depois de me reconhecer, porque vive sozinho e me faz ter vontade de te abraçar, porque já foi pra Alto Paraíso, por todas as coincidências e brisas, e muitos mais porquês, porquês e porquês, e o que me incomoda é que acharíamos vários porquês a mais se tivéssemos mais contato. Mas o porquê maior da minha obcessão é o seu não querer. A sua calma e frieza, a sua solidão estranha, o seu bit diferente do meu. O seu silêncio. Vou te contar um segredo: sou maníaca por rejeição. Te juro. E isso me faz mau pra caramba.
Não que não existam motivos para que eu também te rejeitasse: você é mais novo, não tem um rosto nem um corpo que sejam especialmente do meu tipo, tem um perfil do qual eu tenho tentado escapar. Você não me achou interessante, não se lembrou de mim da primeira vez que te vi, não me quis... te chamei pra tomar vinho, te liguei algumas vezes, mandei mensagem, te quis tanto perto, e você não me quis. Isso já é motivo suficiente pra eu seguir pra outro lado, oposto.

Aqui vou me desculpando por toda essa doideira. Aqui vou terminando. Mas no fundo, numa tentativa louca de que com estas palavras você me ache o mais louca possível, desvairada pela sua companhia e assim venha comigo, a chegar "à incompreensão sem fim" - veja bem: eu não quero namorar e nem casar, ainda nem sei se quero mais do que uma amizade grande e enorme, só quero ficar por perto. Sabe o que é pior? Eu não sou carente! Não sou, te juro. Talvez um pouco histérica, afobada, ansiosa, querendo atropelar os fatos, mas carente não... bom... aqui vou. Um beijo.



Resposta:



Querida amiga, não quis te magoar. Só quis deixar o tempo se encarregar e foi o que aconteceu. Mas você sim, parece que a qualquer momento vai tirar um triturador de gelo debaixo da cama e me atacar. E é por isso que me assusto, não é essa "grandiosidade" tanta que você enxerga em si. Sua paranóia me afastou, o tempo a afastou, a sua histeria me manteve longe, a facilidade em te ler me cansou, sua perseguição velada me incomodou por demais. Por favor, vade retro. Um dia a gente se encontrará, quando você estiver mais calma. Enquanto isso, pare de escrever sobre mim.

Sorte!

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Mosca Morta

Cansada de ser feita de otária e sorrir para quem me joga para baixo, resolvi mudar essa lógica de comportamento que me faz ser tão malvada comigo. Mas para tanto, preciso definir meus parâmetros, e, (que ironia, por gostar tanto de ser tão incontida, tão sem limites) preciso re-conhecer o que me faz mau. É tanto tempo (29 anos) vivendo sendo educada ao extremo, boazinha demais, que é difícil começar. Pra quem é assim, escolher uma pizza é um tormento ("qualquer uma tá bom pra mim, já que eu não como carne...") fazer as vontades dos outros é fácil, difícil é saber das minhas.
Começo pelas cores. Gosto do amarelo ovo, gosto do vermelho sangue, do rosa chiclete, do azul turquesa, do verde bebê bem clarinho, do verde água quase azulão, do preto. Não gosto de verde oliva, não gosto do rosa antigo. Não gosto do azul marinho também (com concessões), não gosto de laranjão,(também com concessões) ou seja... que difícil! Como é difícil assumir o que não gosto. Mas é um começo. Me sinto como uma ameba que não vive, apenas existe, fagocitando as coisas que vê.
Dos sabores... eu gosto muito de comer... pizza de shitake. Gosto de lasanha e de macarrão, gosto de pão fresquinho. Adoro nescau, mas gosto de toddy também. Gosto de queijo e de chocolate latu sensu e gosto das combinações com queijo e com chocolate. E gosto de coisas saudáveis, como, arroz integral, feijão azuki, granola, coisas com soja - juro. Agora vamos lá: o que detesto é repolho cru, salsinha e couve de bruxelas. Também não gosto de maçã na maionese. Nem de cheiro de couve flor cozinhando.

Mas o que mais me dói é ser ignorada. Não ser amada do jeito que penso que mereço (ah, a vaidade e o orgulho). Mas quem é que vai gostar de uma ameba?

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Linguída

a língua, língua
perdi o nervo que língua o cérebro à fala
fala, fala
incontida

a saliva, saliva
figurante da minha linguagem
eco, oco
interpérie

a semântica, mantra
preocupei demais com entrelinhas
reverb, wawa
imprecisa

romântica patética, não te toco
te coloquei no palco e perdi a censura.