_Alô?? Oi, é a Bru, tô aqui na frente mas não sei bem qual é a sua casa...
_A vermelha. Vou abrir portão pra você.
_Oiê! Finalmente!
_Ooooi! Entra!
_Dá licença...
_Eu tô arrumando a bagunça; não liga não. Morar sozinho é foda, se eu não fizer, não tem quem faça...
_Pode crer. Se você conhecer minha casa vai ver que a zona impera... mas é só o reflexo da minha cabeça.
_Você é confusa?
_ Não, penso demais, e não faço nada. O mundo das Idéias impera. Fala muito alto. E eu acho que falta uma faxina às vezes, organizar as idéias, encaixotar tudo, etiquetar, empilhar. Meu mundo é desordenado, eu penso e sinto da mesma forma e perco o foco, aí quando quero me achar, não sei onde está meu coração nem a minha mente. Mas eu conheço muitas pessoas mais "limpas" que um centro cirúrgico e são verdadeiros caos, inseguras, imaturas, verdes, ácidas. Eu sou um doce cozido num tacho de cobre por horas.
_Há, boa essa!
_Meu... eu falo muito, não deixa. Vim aqui pra conversar, não só pra falar. Ou não. Quer ver um filme? Eu trouxe.
_Não, fala, eu gosto de te ouvir.
_Mas eu também gosto de te ouvir... mesmo sem nunca ter ouvido! Tá vendo? Eu falo muito. To invadindo a sua casa. Invadindo seu mundo e suas idéias. Me perdoa, acho que vou embora. Tô causando! Ai...
_Não, vem cá, senta aqui, vamos ver o filme. Qual é?
_Vinícius. Poeta que é poeta gosta... achei que você fosse gostar, mesmo se já tiver visto.
"Vai, sua vida... teu caminho é de paz, e amor...
A sua vida, é uma linda canção de amor..."
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